O termo compliance, derivado do inglês "to comply" (cumprir), representa hoje muito mais que simples obediência a regras. Nas organizações modernas, compreende um sistema completo de adequação a leis, regulamentos e padrões éticos. Seu desenvolvimento histórico está diretamente ligado a grandes crises corporativas e econômicas que mostraram a necessidade de melhores controles e governança.
Atualmente, ter um bom programa de compliance não é apenas seguir a lei - é uma estratégia essencial para empresas que querem operar com segurança, manter boa reputação e se sustentar no mercado a longo prazo.
O compliance como conhecemos hoje nasceu da necessidade de responder a falhas graves de governança. Nos Estados Unidos, a criação da SEC (Comissão de Valores Mobiliários) em 1934, após a Crise de 1929, estabeleceu novos padrões de transparência para o mercado financeiro.
Nos anos 1970, escândalos como o Watergate levaram à criação da FCPA (Lei de Práticas Corruptas no Exterior), a primeira grande lei anticorrupção com efeito internacional. O Reino Unido avançou ainda mais com o UK Bribery Act (2010), que tornou as empresas responsáveis por não prevenir atos de corrupção em suas operações.
Um sistema de compliance que realmente funciona precisa:
1. Identificar os riscos específicos do negócio, considerando:
- Setor de atuação
- Cadeia de fornecedores
- Países onde opera
- Relação com o governo
2. Criar políticas adequadas que atendam:
- Leis brasileiras (como a Lei Anticorrupção)
- Regras internacionais
- Normas técnicas reconhecidas
3. Implementar controles práticos:
- Verificação de parceiros e fornecedores
- Auditorias regulares
- Canais seguros para denúncias
- Ferramentas de monitoramento
O Brasil deu um salto importante com a Lei Anticorrupção (2013), que tornou as empresas responsáveis por atos contra a administração pública. Regulamentações posteriores, como a Lei das Estatais (2016) e a Nova Lei de Licitações (2021), aumentaram ainda mais as exigências para quem trabalha com o governo.
Empresas que não seguem as regras enfrentam:
- Multas milionárias
- Proibição de participar de licitações
- Danos à imagem difíceis de reparar
- Dificuldades para operar no exterior
Já quem investe em bons programas de compliance ganha:
1. Menos riscos e prejuízos
2. Mais oportunidades no mercado global
3. Melhor avaliação por investidores
4. Cultura organizacional mais ética e transparente
O especialista em compliance hoje precisa:
- Conhecer profundamente as leis aplicáveis
- Saber avaliar riscos específicos
- Implementar controles eficientes
- Saber agir em crises
As empresas mais avançadas usam:
- Inteligência Artificial para detectar irregularidades
- Blockchain para garantir registros confiáveis
- Sistemas integrados para gerenciar fornecedores
O compliance deixou de ser apenas uma obrigação para se tornar parte essencial da estratégia das empresas. Quem entende isso transforma a conformidade em vantagem no mercado.
Ter profissionais especializados e sistemas adequados não é mais opcional - é o que separa as empresas que apenas sobrevivem daquelas que crescem com segurança e boa reputação. Em um mundo com regras cada vez mais complexas, investir em compliance inteligente é investir no futuro do negócio.